Mês de prevenção do Câncer Colorretal

O câncer colorretal, também chamado de câncer de intestino, acomete a porção final do intestino: o intestino grosso, reto e o ânus

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer que mais mata pessoas no mundo. Se desenvolve gradativamente por uma alteração nas células que começam a crescer de forma desordenada sem apresentar qualquer sintoma. Por esse motivo, a detecção precoce é fundamental. Quanto mais cedo é diagnosticado, maiores as chances de cura da doença.

No Brasil, são 34.280 novos casos a cada ano. É o segundo tipo de câncer que mais acomete as mulheres, são cerca de 17.620 casos anualmente, e o terceiro mais frequente no homem, sendo em torno 16.660 ocorrências diagnosticadas. O Rio Grande do Sul, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o estado com a maior taxa de mortalidade entre as mulheres. No Estado, as mortes são de 1,5 a cada 10.000 mulheres, ou seja, 838 mortes por ano em números absolutos. Em relação à incidência, são 3.190 novos casos por ano no estado, 1.680 mulheres e 1.510 homens, e 660 em Porto Alegre, 370 mulheres e 290 homens, números que fazem da cidade a capital brasileira com maior registro de câncer colorretal entre as mulheres.

De acordo com a coloproctologista Ornella Cassol, que também atua como professora do curso de medicina da IMED, entre os principais sintomas que podem ser observados estão: sangue nas fezes, diarreia e constipação persistentes, anemia, perda de peso, fraqueza e dores abdominais, podem ser sinais deste tipo de câncer.  “No estágio inicial, a doença pode ser assintomática. Na fase avançada, pode atingir ossos, fígado e pulmão. O diagnóstico precoce é importante para o sucesso do tratamento. Mas para determinar quando uma pessoa deve começar a fazer os exames de rastreamento e quais serão indicados é preciso avaliar o risco que ela tem de desenvolver a doença. A colonoscopia é um dos exames que faz o rastreamento. Ela detecta lesões e permite a retirada de pólipos se forem encontrados”, explica a coloproctologista.

 

 

 A coloproctologista Ornella Cassol também atua como professora do curso de Medicina da IMED no campus Passo Fundo 

 

Quais as maneiras de prevenir esse tipo de câncer?

Para prevenção do câncer de intestino, o colorretal, a Dra. Ornella comenta que é importante evitar os fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver a doença. “Para que isso aconteça, muitas vezes, é necessário modificar nossos hábitos”, enfatiza.

Ter excesso de peso ou ser obeso aumenta o risco de câncer colorretal em homens e mulheres. Gordura na barriga também está associado a este tipo de câncer. “Manter um peso saudável e evitar o aumento de peso pode ajudar a diminuir o risco da doença”, comenta a médica.

O aumento do nível de atividade física reduz o risco de câncer colorretal e pólipos. A atividade regular moderada reduz o risco, mas a atividade vigorosa pode ter um benefício ainda maior. Aumentar a intensidade e a quantidade da atividade física pode ajudar a reduzir o risco. Em geral, as dietas ricas em vegetais, frutas e grãos integrais, com pouca carne vermelha ou processada, estão associadas a um menor risco de câncer colorretal. De acordo com a professora Ornella, estudos mostraram ligação entre carnes vermelhas ou carnes processadas e o aumento do risco de câncer colorretal. “Limitar o consumo de carnes vermelhas e processadas e ingerir maiores quantidades de vegetais e frutas pode ajudar a diminuir o risco da doença”, explica.

O hábito de fumar a longo prazo está associado a um risco aumentado de câncer colorretal, bem como de outros tipos de câncer e outros problemas de saúde. Parar de fumar pode diminuir o risco de câncer colorretal e outros tipos de câncer.

 

Quais os fatores de risco estão relacionados ao surgimento do câncer de intestino?

 

Um fator de risco é algo que afeta sua chance de contrair uma doença como o câncer. Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco. Existe os fatores de risco modificáveis, com suspensão tabagismo e dieta rica em fibras e os não modificáveis como idade e histórico familiar. Os fatores de risco podem influenciar o desenvolvimento do câncer, mas a maioria não causa diretamente a doença. Ter um fator de risco ou mesmo vários, não significa que você vai ter a doença. Muitas pessoas com câncer colorretal não tem fator de risco conhecido.

Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer colorretal: obesidade, sedentarismo, dieta rica em carnes vermelhas, processadas, tabagismo, alcoolismo, idade acima de 45 anos, história pessoal de pólipos ou câncer colorretal, história familiar de câncer colorretal, síndromes hereditárias.

 

Quais os tipos de tratamento? 

 

Segundo a coloproctologista, o tratamento dependerá do estágio da doença e da localização do tumor. “As lesões iniciais podem ser removidas por colonoscopia. Os tumores são tratados por cirurgia, aberta ou videolaparoscópica e quando necessário os tratamentos são complementados com quimioterapia e radioterapia, dependendo do estadiamento”, explica.

 

Quais os tipos de exame para detectar o câncer colorretal?

 

A colonoscopia é um exame realizado por um aparelho de fibra ótica, longo (180 cm) e flexível que é introduzido através do ânus e permite a visualização completa do reto e do cólon. Essa visualização ocorre através de uma câmera inserida na extremidade do colonoscópio, cuja imagem é enviada para um monitor, permitindo assim, a análise simultânea do interior do cólon. “O equipamento também permite a inserção de outros instrumentos especiais para a remoção de possíveis pólipos ou biópsias. O exame é feito sob sedação e analgesia e permite que o médico examine detalhadamente o cólon. Os riscos do exame estão vinculados ao sangramento depois da retirada de pólipos, biópsias e perfuração intestinal”, comenta a professora.

O Toque Retal é o exame clínico do reto feito em consultório, onde é possível tocar todas as paredes do reto baixo e médio. Nos homens, esse mesmo exame possibilita o exame da próstata também.

A Pesquisa de sangue oculto nas fezes são necessárias três amostras de fezes consecutivas e alguns tipos de alimentos devem ser evitados alguns dias antes do exame. Medicamentos como AAS e anti-inflamatórios não devem ser tomados 7 dias antes do exame, assim como frutas cítricas e carne vermelha não devem ser consumidas três dias antes do exame. Se o resultado para o sangue oculto for positivo, uma retossigmoidoscopia ou colonoscopia deverão ser realizadas.
O Enema Opaco com Duplo Contraste para realizar este exame é necessário introduzir sulfato de bário (um líquido branco que serve como contraste) através do ânus, para que o exame radiológico possa mostrar as áreas anormais. Após a evacuação do bário, injeta-se ar no intestino e, logo após, faz-se o raio-x para poder visualizar a parte interior tanto do reto como do cólon. O exame permite a visualização de todo cólon e reto, mas não permite biópsias. Em caso de alguma área suspeita, é indicado um exame de colonoscopia.

Retossigmoidoscopia, neste exame um tubo é introduzido pelo ânus que  permite visualizar o retorno e parte do colón.

A Colonoscopia Virtual produz imagens tridimensionais e bidimensionais seccionais do órgão, permitindo assim, a localização de pólipos ou cânceres. Embora seja útil para pessoas que não querem fazer exames invasivos , a colonoscopia virtual requer preparo de cólon semelhante ao exame evitado e introdução de contraste via retal.

 

 

Sobre a coloproctologista Ornella Cassol

Graduada pela Universidade de Santa Cruz do Sul, Dra. Ornella, realizou sua residência médica em Cirurgia Geral no Hospital da Cidade de Passo Fundo. Sua especialização em Cirurgia Colorretal e Colonoscopia foi realizada no tradicional Serviço de Coloproctologia do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre. É membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). Atua como Coloproctologista junto ao Hospital da Cidade de Passo Fundo e também realiza assistência médica nos Sistema Único de Saúde (SUS), Convênios e Particulares. É preceptora do Programa de Residência Médica em Cirurgia Geral da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), no Hospital da Cidade de Passo Fundo. É mestra pelo Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde – Stricto Sensu – da Universidade de Santa Cruz do Sul com ênfase na pesquisa do Câncer Colorretal. Atua como membro do corpo clínico do Polus Centro Clínico e é professora do curso de Medicina da IMED.